A vida é sempre a perder:

Venho em carta aberta declarar a infinidade de opções que descrevem todos os nossos desejos. Somos seres pouco igualáveis. Não vejo um panda a desejar fraternidade nem um rinoceronte a meter dinheiro de lado porque sempre quis levar a família ao ZooMarine (se bem que em matéria humorística, seria o golden ticket de muitos).
Isto tudo, palavras caras e uma insanável vontade de vos mostrar que sei usa-las, para vos dizer que quem inventou esta arte milenar da adivinhação é um grandessíssimo acéfalo e merecia que lhe dissessem erroneamente todos os seus feitos só para lhe moldar o futuro num total inferno.
Li, como não costumo ler, denote-se, o horóscopo a pedido de uma amiga crente na arte do "o que vem nestas páginas é tão viável como nas outras". Pode-se perceber pelo meu discurso que eu não sou tão crente assim mas acho piada dizer a uma rapariga de vez em quando que fui contribuir para os números da natalidade de 1997, em fevereiro, fazendo de mim um aquário. 
Já de si é uma excelente piada. Um individuo alto com "forte estrutura física" (que agora nem a mim me posso chamar gordo) afirma ser um recipiente grande que serve única e especificamente para guardar peixes e outros animais marinhos, estando portanto quase sempre cheio de hidrogénio devidamente tratado. Excelente. Especialmente porque nem gosto de peixe.
Depois a melhor parte: face a esta objetivização e aglomeração de todos os nascidos naquele período, podemos todos viver uma vida mais ou menos parecida, com os mesmos fins e os mesmos feitios, deitando por terra toda a ideia filosófica do livre-arbítrio. Eu até podia gostar de roxo, mas como sou Aquário, sou muito mais apreciador de cores vivas como o amarelo.
E digo-vos isto porque sou um dos que mais sofre com esta objetivização, sou Aquário com ascendente em Escorpião, ou seja, segundo uma tipa mais velha que a Maia mas com o mesmo nível de aldrabice, sou um gajo que só funciona dentro do seguinte espectro: ou sou uma besta quadrada ou não quero saber. Isso é totalmente erróneo, eu quero saber!
Claro que quero saber se vou receber dinheiro amanhã. Convém saber se o amor da minha vida me vai aparecer antes ou depois do almoço para eu me aperaltar minimamente. Era de bom tom saber se vou ou não ter filhos. Mas tudo isso rala-me pouco se na página a seguir estão a dar spoilers de uma novela que eu não sigo. Dá pouca relevância ao discurso anteriormente proferido.
É como se um artigo cientifico viesse escrito atrás de um pacote de Pringles. Bem, pelo menos a embalagem era metade batatas, metade sapiência.

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