Já beberam água hoje?

A importância da ingestão de líquidos é inquestionável. Não é lípidos, que sendo necessários, são menos enfatizados e referidos que os líquidos. Os líquidos são importantes para a circulação e bom funcionamento do corpo, um pouco como a nossa palavra. 
Há palavras e palavras como líquidos e líquidos. Há líquidos que fazem um bem inigualável como a palavra do Senhor e há palavras que são de honrar como a água. No entanto, o contrário também se afirma e é mais comum até. Uma palavra corroída por algum efeito secundário, seja a descriminação ou a mentira, seria como um líquido corrosivo ou pouco necessário para a nossa subsistência como o cianeto. 
A vergonha afeta a palavra como o álcool afeta a bebida, distorce o seu principio e alberga umas quantas falhas de sistema adjacentes. É uma calamidade de pouca importância mas altamente viciante. Parece que nos afogamos em vergonha para não refletir o nosso vistoso "eu" trancado num qualquer espelho que desinibimos com três ou quatro shots de whisky. Uma verdade salta como qualquer falha de personalidade, estamos bêbados de consciência e preferimos responsabilizar o líquido que já nos tinha feito bem e promovê-mo-lo a mero causador de infortúnios. 
Não, não nos culpamos porque o líquido é o culpado, é um narcisista que nos revela a sua grandeza em cada virgula. O líquido que sempre nos tratou bem ou sabia quando não era de confiança, agora é o nosso maior inimigo e o maior causador desta nossa fase má, esta fase manipulativa e desvinculada de todas as outras fases. É um albergador de maus presságios, mesmo que venha rodeado de amigos, moças e festas. 
O líquido é o culpado desta "espiral de negatividade" adjacente num principio de que a culpa não é, não pode ser  e recusa-se a ser nossa. Se não for o líquido o principal culpado, será o sólido, será qualquer coisa que nos altere. Que nos destabilize do lugar a que sempre nos prontificamos a chamar de trono. O líquido, então, pode ser um franco vilão do nosso ego e um pequeno ajudante dos nossos rins. E o mal que nos faz quando o deixamos é francamente maior do que quando o prendemos às nossas exigências.
Mas o líquido é espectral, e existe a água. A água é pura, limpa e converge. É um elemento natural de inquestionável ideal de purificação. É portanto a nossa cura e a ressurreição dos nossos rins. É uma redenção do nosso consumo anterior e uma dinamização do nosso interior, tal como a responsabilidade e a sabedoria.
Virei um filosofo só para vos perguntar: já beberam água hoje?

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