Cabisbaixo

Hoje sinto-me um bocado mais embaixo. Uma expressão, não ando a tentar encontrar petróleo no meu quintal. Estou de ombros caídos, cabisbaixo, pouco ciente da criança que fui e homem que sou... Pois, pelos vistos a dica cola. 
Sinto-me feio, não é que me sinta bonito a maior parte das vezes, mas hoje sinto-me feio. Sou um average. E como  average que sou, sou também bastante desentendido nessa matéria de me sentir bonito. Costumo sentir-me bem. Mas um "bem" resultado de uma total indiferença da minha aparência, prefiro não me comparar. Vi muita miúda das minhas turmas de secundário que se achavam giras progredir para grandes mulheres com rostos mais carregados mas um pouco menos atraentes - é o peso do sucesso, dirão alguns. 
Com os homens não há cá disso, não medimos belezas alheias. Medimos estruturas. Que mulher bela. Homem? Nem pensar. Parece que o nosso sexto sentido é um manto de invisibilidade em torno do outro homem. Não apreciamos homens, ok. Mas sabemos dizer se ele é mais bem feito do que nós. Mas por honra ou glória de cinco vidas passadas não o admitimos. Somos tão ou mais falsos do que as mulheres que se distraem com a beleza umas das outras. Nós homens somos uns bichos selvagens que se guiam pelo prazer de poder fazer um comentário depreciativo.
Mas voltando ao tema inicial, hoje sinto-me feito por um barro mais lamacento, daí sentir-me embaixo. Não sei se foram as minhas escolhas passadas mas tenho de melhorar as escolhas futuras ou aprender a viver com esta sensação de não me sentir sempre senhor dos meus pés.
Uns dias rotineiros em cima e já não sei em que espelho me contemplo. Não que me sinta inteiramente composto pelo meu físico, pessoas como eu estariam condenadas ao desleixo se assim fosse, mas o meu físico nutre uma compreensão viável daquilo que eu não consigo mostrar mas consigo sentir. Sabem, se calhar estou doente.

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