A falácia da opinião alheia:

Adoro ter uma opinião válida. É uma opinião. Há até quem a compare a todas as outras - "é uma opinião como as outras". Quais outras?
Opiniões todos temos e são bem vindas em conversas de café ou em fóruns mais restritos. O debate já é um hábito da Grécia antiga que achava por bem especializar a opinião de uns. Uns eram filósofos, outros eram comuns - sabiam pouco do que falavam, e como tal, poucos os ouviam. Só um surdo ouviria quem não tem nada para dizer. Afinal de contas, nada tem a acrescentar. 
E é por isso que eu adoro ter uma opinião válida. Parece que valida toda a minha opinião, ou que toda a minha opinião é embebida num ponto de vista válido. Errado, a minha opinião é válida porque é bem fundamentada. Eu li, ouvi e pesquisei sobre o assunto. Numa matéria de "achismos" eu empreguei bons costumes de uma arte milenar e discuti com argumentos válidos a minha ideia inicial. Já para não falar que li sobre o assunto, e fica sempre um certo clima de desconfiança quando alguém utiliza um argumento sustentado num artigo ou numa tese. Normalmente ficamos pelo "li no Facebook" ou "vi um tweet sobre isso". 
E quem tem uma opinião inválida? Deve ficar calado? Não me parece. Penso que deve questionar. E se opinar, deve ser sobre uma ideia aberta de que pouco sabe - acha. Pensa que. E pensar já de si é raro, pensar sobre o assunto de que se fala ainda mais raro é. Pensar numa linha lógica sólida sobre o assunto de maneira a fazer sentido para a discussão ainda é mais raro. Já para não dizer válido.
E com este passar de tempo, onde o tempo é uma coisa muito relativa porque ontem era domingo e hoje é domingo outra vez, o que mudou foi o mês, a ideia de ter uma opinião válida passou a ser o objectivo. "Óptimo" dirão muitos. Infelizmente não é bem assim. Óptimo para uma plateia pouco aficionada mas que quer muito falar sobre um tema mais *cof cof* trendy
Não espere um debate fundamentado em meia dúzia de artigos de opinião como um bom debate. Nunca debati sobre uma receita de pudim de ovos porque não o sei fazer, o máximo que posso fazer é aprender a fazer o pudim.
Sobre estes mesmos princípios não funcionam os aficionados cronistas de intuição do Twitter. Gente como eu, nos seus vintes, folgados e pouco orientados. Gostam do julgamento e não tanto na opinião. Adoram aquele dedo que tanto apontam mas odeiam ter razões para o usar . Porque isso predispõe trabalho de casa.
Fanatismos pouco enraizados no principio de uma linha lógica - seja ela qual for- tendem a discussões patetas e vitimizadoras. Não é que a ideia de um romance apoiado numa discussão de quem comeu a galinha ou não no Big Brother não me fascine, mas gosto pouco de ser chamado de monstrinho por alguém pouco apreciador de carne só porque aprecio carne -passo a redundância. 
Não é que não aprecie a identidade moral de cada um enquanto ser pensante, mas muitos não albergam essa parte do pensante e preferem atribuir juízos de valor alarmistas e pouco fundamentados. E o pior é que esta catástrofe cultural está a vir da minha geração, a mesma que viveu com o conhecimento no bolso.
Para terminar, tenho de agradecer a todos aqueles que me fazem repensar todos os dias a minha persistência na rede social Twitter. Fazem-me querer pesquisar, informar-me e mentalizar-me de uma linha lógica que efetivamente apoie até abrir a boca. Para poder contrastar com todos aqueles que se munem de "achismos" e poder circular-me de ideias realmente fenomenais acentes numa discussão aberta e fundamentada.



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