Elefante na sala


Sei que não possuo os holofotes 90% das vezes que faço algo que merece os holofotes. Mas nada disto merece os holofotes quando os tenho - escrever, compor música, desenvolver novos projetos. Parece que não mereço. Parece que não nutro força para que, quando observado, mereça a atenção. 
Quantas vezes não me vejo a receber a atenção do publico quando dela só faço piadas fracas ou momentos de vergonha geral. Falo por muitos quando digo que ninguém me via a querer isto como full-time job.
Como é que alguém que quer ser visto é tão mau em ser visto? E quando não quer ser visto é exatamente quando mais o é?
A isto eu chamo um paradoxo. Esforcei-me demasiado por algo que, na realidade, nunca quis. Sempre desmereci ou desacreditei quando me diziam que tinha jeito como artista. E desinformei-me sobre a função de um artista. Não quero, de todo, ser visto. Quero ser apreciado. Muito diferente. 
Esforcei-me demasiado por tentar mexer o elefante. E quando o largava, ele movia-se para trás, esmagando-me. Nunca me achei com verdadeira noção daquilo que almejava. Mas agora que almejo menos, parece que o elefante já corre.

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