*PIP*

 O policiamento indevido de palavras é um trabalho um tanto quanto ingrato. Reflete-se na falta de ornamento na reflexão, e raramente é interpolado com alguma da noção que é necessária para a avaliação dessa mesma ação que está a ser analisada. Ou seja, avalia-se a parte, não se avalia o todo. 

Num tom mais condescendente, avalio a recente intervenção do Carlão face a uma musica que não é dele, onde a única coisa que fez foi aparecer no videoclip. Até aí tudo bem, até entrar Tekilla num tom pouco dado a conversas onde se refere a mongolóides e deficientes. Em meio a tanto aparato, Carlão (que volto a reforçar, nem entra na música) pede desculpa pela letra. Isto é querer ser mais papista que o Papa.

Onde é que eu vou pedir desculpa por um trabalho que não me pertence, não me representa e apenas me fiz representar? Foi um claro caso de policiamento indevido de palavras, ou como dizia na faculdade, um verdadeiro merdas. Não está a melhorar a situação, pelo contrário, está a piora-la, e está a querer monopolizar o que se deve ou deixa de se dever dizer numa música. Algo que eu, pura e simplesmente, abomino. 

Num policiamento indevido de palavras, aldraba-se o "quis dizer" com o "entende-se" numa tentativa de empuderamento seja do interveniente, seja do que foi dito. No caso enfatizado ainda agora foram vários os que se fizeram ouvir. Todos mongolóides, poucos deficientes. Os deficientes não entendem maldade quando não lhes foi canalizada maldade. Não foi uma música catalizadora de uma maldade presa no Tekila ou no Papillon, dois artistas que apenas refletiram sobre o que seria o estado do hip-hop de hoje em dia. Pouco tem a ver com quem pouco tem a ver com o Hip-Hop. E curiosamente quem se queixou não é do Hip-Hop. Pior, quem veio à cortina pedir desculpas foi o moço dos bilhetes que algo me diz que ainda não percebe bem o que é o Hip-Hop e a diferença notória entre o ramo artístico e o politicamente correto. 

Não desejo nada mais que sucesso aos intervenientes desta história, só desejo que deixem de propagar uma mensagem que não é a deles.

Comentários

Mensagens populares