Create the problem, Sell the solution:

A arte de seduzir é-me estranha, confesso. Sou leigo na demonstração de apreciação de cariz reprodutivo ou apenas sedutor. Um Don Juan mas ao contrário. E admito-o, para que não seja uma especulação mas um facto. 
Vivo há duas décadas no mesmo planeta e ainda não desmarquei a ideia de que sou um sedutor, mas já estive mais longe, sem dúvida. Isso também implica saber o que se é, não é? É daquelas coisas que temos de saber do que se trata e só depois como se faz. 
Segundo o Priberam - uma fonte valiosa da escrita criativa- o ato de seduzir é uma mixórdia entre enganar (empregando razões tentadoras), corromper por meio de sedução e subornar. A meu ver, não me parece um adjetivo que eu gostasse que estivesse anexado à minha personalidade, não gostava que me tivessem como um enganador, um subordinador e um corrupto - no entanto, é uma prática comum ser-mos apresentados a grandes mestres da arte da sedução como se isso fosse o principal propósito da sua vida. 
Há uma dualidade pouco fundamentada. É como se as pessoas gostassem de se sentir enganadas ou subjugadas.
Dentro da psicologia existe uma coisa chamada "esquema cognitivo de subjugação" que define uma pessoa que não se manifesta contra a mesma por forma a não causar um clima de desconfiança ou negação com o qual não conseguem lidar. Ora, a menos que grande parte da população tenha tido pais excessivamente controladores, eu duvido que tenhamos aqui uma resposta para a minha questão. Senão, podia presumir que alguém sedutor é alguém que manipula outro de fácil manipulação e isso não faz o menor sentido...-Sim, estava a ser irónico, caso perguntem para analise futura.
O argumento fundamental na defesa de um bom sedutor é o de "não sabemos o que nos faz bem, mas o sedutor sabe". É o ponto de pressão, seja uma relação que acabou mal e o sedutor utiliza isso a seu favor. Seja uma experiência traumática do passado. O sedutor utiliza os medos e os enganos e vende a confiança e a empatia. No marketing há um termo muito bom que é "create the problem, sell the solution". O sedutor não precisa de criar o problema - talvez por isso hajam tantos. Ele apenas precisa de o vender como algo mau e fazer a ligação para ele como a solução. Tipo um messias ou algo do género.
Então podemos apurar um sedutor como um género de pragmatista, um psicólogo? Não me parece. O psicólogo ajuda-o a resolver o problema, não lhe dá um penso para um osso partido. Um sedutor dá-lhe um penso para um osso partido e diz-lhe que esse penso cura o osso, as costas, a postura e as dores de estômago que tem há anos. 
Percebe o problema? O sedutor vende respostas para perguntas que nem ele sabe responder. Mas vende as respostas mais bonitas, aquilo que o cliente quer ouvir. E ouve - e gosta - portanto possui agora um penso para um osso partido que não tem, mas aquela dor de bexiga continua lá. E o sedutor? Muito provavelmente já tem o que quer e já nem sabe do seu paradeiro. Dito isto... ainda bem que não percebo nada disto.

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