Sorrisos

É lindo vê-la sorrir. É diferente. É algo que parece que faz diferença mas não faz diferença se faz algo. Reduz-me a alguém pequeno mas faz de mim alguém melhor.
É uma expressão muito redutora dizer que um sorriso é bonito. Até pode nem ser, é altamente subjetivo. E nem faz muito sentido, é um desalinhar dos dentes que nos provoca a produção de serotonina - e há uns que provocam mais serotonina que outros.
Mas é isso que define um sorriso bonito? A aproximação que temos com essa pessoa? Bem, sim e não. 
Segundo Freitas-Magalhães, o sorriso é apresentado na literatura como um processo que activa os mecanismos emocionais do cérebro. O processo neuropsicofisiológico inicia-se no sistema límbico, o qual é considerado o centro emocional, e depende da activação de diversas estruturas neurológicas, necessárias à activação dos músculos faciais zigomáticos, indutores da expressão de uma mensagem que seja visível e percepcionada pelo receptor. O desejo de sorrir é uma representação psicológica. A imagem mental do sorriso obriga a um processo cognitivo. Assim, o sorriso é configurado como expressão de uma emoção já que se trata de uma reacção afectiva imediata a estímulos exteriores e provoca alterações psicofisiológicas.
Tanto pode ser usado como uma manifestação de algo que vimos como pode ser uma reação a algo que sentimos. Claro que depois temos questões sociais agregadas a esse sorriso. Se recebemos pouco e o patrão ainda nos explora, aquando um "como te correu o trabalho" dificilmente podemos responder com um sorriso igualmente resplandecente como a pergunta a seguir "queres vir comer um gelado e desanuviar".
São estímulos diferentes que nos fazem desenvolver sorrisos diferentes, e entre esses sorrisos temos os mais brilhantes, os mais afetuosos, os mais malandros e os mais amarelos.
Um sorriso amarelo, talvez da acumulação de tártaro, esconde muito da pessoa. Revela a sua intenção de não sorrir, mas principalmente, não revela a verdadeira intenção.
Diferente do sorriso mais malandro, um meio-sorriso que revela meias verdades não proferidas de todo mas entendidas pelas duas metades.
Os sorrisos afetuosos são mais comedidos e mais honestos. Muito mais delicados e sinceros e trazem com eles uma forte carga emocional que nos faz pular a realidade para uma dimensão mais bondosa e menos conflituosa.
Já os sorrisos brilhantes prendem-me a querer busca-los. Não se busca um sorriso amarelo, usa-se um sorriso malandro e sabe bem ver um sorriso afetuoso. Mas um sorriso brilhante busca-se, trabalha-se. Merecemos aquele sorriso, seja por forma de uma gargalhada ou por uma excelente noticia. Somos merecedores daquele sorriso - claro que existem casos de pessoas que usam a realidade para conseguirem merecer este sorriso, mas já destaquei isso noutra crónica.
Mas voltando à questão primordial, sou fã daquele sorriso e acredito tratar-se de um sorriso brilhante que merece tudo aquilo que eu possa dar. É um sorriso que merece tudo de mim assim como eu - aquando uma ocasião que o mereça- mereço tudo dele.

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